Sistema tributário protege milionários

A estrutura tributária brasileira é escandalosamente regressiva. Dados do Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal), divulgados pela BBC Brasil, comprovam o que a população trabalhadora sente no bolso: enquanto a classe média paga, em média, 9,85% de sua renda em Imposto de Renda, os super-ricos com ganhos acima de R$ 5 milhões anuais desembolsam apenas 4,34%. Uma inversão perversa da lógica tributária.
A chamada alíquota efetiva, que corresponde à fatia real da renda comprometida com o IR, revela um sistema construído para proteger fortunas e punir quem vive do próprio trabalho. Em 2007, ricos e classe média pagavam percentuais similares a 6,9% e 6,3%, respectivamente. Passados 16 anos, os mais abastados viram seus impostos caírem, enquanto a classe média teve a carga aumentada para quase 10%. Um ataque silencioso, mas contínuo, à renda dos trabalhadores.
A situação se agrava ainda mais entre os que estão abaixo da linha da classe média. Quem ganha até R$ 79,2 mil por ano já pagava 2,66% em 2007. Hoje, mesmo com a renda apertada, ainda deixa 0,2% nas garras do Leão. É o pouco sendo tomado de quem menos tem, para manter intocáveis os privilégios de uma elite acostumada a não contribuir com o país que explora.
Esse cenário não é consequência do acaso. É sustentado por um Congresso dominado por interesses financeiros, que resiste a aprovar reformas que taxem grandes fortunas, lucros e dividendos. O resultado é um modelo de país onde quem sustenta a máquina pública é quem trabalha, e não quem lucra com o suor alheio.
Fonte: Movimento Sindical