Seis meses depois, Banco Central não criou grupo de trabalho para combater o ouro ilegal
Exatos seis meses se passaram desde que o Banco Central prometeu criar um grupo de trabalho para combater a lavagem de ouro ilegal no sistema financeiro. E até agora, nada.
Conversei com o diretor-executivo do Instituto Escolhas, Sérgio Leitão, que participou do encontro com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, no dia 26 de julho de 2022, e com a gerente de portfólio Larissa Rodrigues. Eles ainda aguardam uma ação efetiva da autoridade monetária do país.
– O ouro ilegal no país é lavado, ou seja, tornado legal, por meio das DTVMS, que são instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central. Cabe ao BC fazer essa regulação, mas isso não está acontecendo – afirmou Leitão.
Em julho, o encontro foi noticiado pelo Valor Econômico. O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) soltou nota para falar da iniciativa, mas a assessoria de imprensa do Banco Central alegou que não iria comentar o assunto.
Há duas formas de extração de ouro no país. A que é feita pelas mineradoras, que são mais reguladas, e a que é oriunda do garimpo, com pouca regulação. Hoje, já há mais ouro sendo extraído via garimpo do que via mineradoras, explica Larissa Rodrigues, e isso ajuda a entender a tragédia dos yanomamis.
Segundo Leitão, a regulação frouxa para a lavagem do ouro estimulou a entrada de 20 mil garimpeiros em terras indígenas, e isso dificultou o acesso de agentes do Estado, aumentou a poluição dos rios e a violência na região. Fechar essa porta da lavagem, portanto, é um pedaço da solução do problema.
Fonte: O Globo