País compraria menos com teto para parcelas sem juros no cartão, diz pesquisa
Pesquisa do Instituto Locomotiva mostra que sete em dez comerciantes preveem uma avalanche nas vendas caso haja restrições do Banco Central nas compras sem juros no cartão.
Os dados mostram ainda que, entre os 126 milhões de brasileiros economicamente ativos (com dinheiro para gastar), 118 milhões comprariam menos se houvesse redução no número de parcelas sem juros.
Nesta segunda (16), o BC propôs em reunião com representantes de bancos, setor de cartões, varejo, serviços e comércio permitir que as compras parceladas sem juros sejam feitas em até 12 vezes, num primeiro momento, e estabelecer um teto para a tarifa de intercâmbio dos cartões de crédito, modalidade que atualmente não tem um limite.
Novas reuniões devem definir o que será feito sobre o assunto, que gerou um racha dentro do setor financeiro, principalmente entre os bancos e as empresas de maquininhas em conjunto com os comerciantes.
“Quaisquer restrições a essa forma de pagamento terão enormes implicações no consumo de bens duráveis”, afirma José Roberto Tadros, presidente da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo).
A Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), por exemplo, diz que é comum no setor as compras com parcelamento em até 18 vezes. Neste cenário, limitar a divisão em 12 vezes é preocupante.
“A redução na tarifa de intercâmbio precisa ser relevante para compensar o nosso setor, que, com o limite, será obrigado a buscar outras formas para sustentar os níveis de venda e manter a lucratividade do negócio”, disse em nota Geraldo Defalco, presidente da Anamaco.
Paulo Solmucci, da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) participou da reunião com o Banco Central e afirmou que o presidente Roberto Campos Neto “foi enfático ao dizer para confiar nele” sobre a limitação em 12 parcelas.
O empresário disse que o setor teme reduções sequenciais nesse limite do parcelado.
A pesquisa do Instituto Locomotiva foi feita a pedido de cinco associações do setor de comércio e serviços, entre os dias 30 de agosto e 22 de setembro. Foram ouvidos 800 comerciantes formais e informais do país, com faturamento de até R$ 5 milhões.
Encomendaram a pesquisa a Abad (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores), Abrasel, Afrac (Associação Brasileira de Tecnologia para o Comércio e Serviços), Anamaco e a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas).
Fonte: Folha de S. Paulo