Oligopólio à brasileira

No Brasil, o sistema financeiro não apenas influencia a economia, mas a domina de forma absoluta. Em um território com 162 bancos, a realidade é de concentração brutal. Apenas cinco bancos (Itaú, Bradesco, BB, Caixa e BTG) controlam mais de 60% do mercado de crédito.
O oligopólio é oficializado e premiado com lucros que batem recordes atrás de recordes. O Itaú somou R$ 22,6 bilhões no primeiro semestre de 2025. O BTG bateu R$ 10,2 bilhões e o Bradesco, R$ 11 bilhões em seis meses. Os ativos do BTG chegam a R$ 2 trilhões, o maior entre todo o sistema financeiro.
Tudo isso sustentado por uma Selic de 15% ao ano, que garante lucro fácil em títulos públicos enquanto o crédito às famílias chega a absurdos 58% ao ano. A hegemonia foi forjada nos anos 1990, com o Proer e a concentração incentivada pelo BC depois da quebradeira de bancos médios.
O que se seguiu foram fusões que moldaram o mapa atual: o Santander engolindo Banespa e Real, o Bradesco ficando com o HSBC e o Itaú se fundiu ao Unibanco em 2008 para virar o gigante do hemisfério sul. A competição diminuiu, mas os lucros se multiplicaram. O resultado é um sistema ultravantajoso para os acionistas e cruel para a sociedade.
Mesmo com o avanço das fintechs, os “bancões” seguem inabaláveis. O Itaú ainda lucra mais do que Nubank, Inter, Mercado Pago, PagBank e Stone juntos. Quatro bancos estão entre as 10 maiores empresas da B3, com valor combinado de R$ 1 trilhão. No Brasil, a economia não sustenta os bancos, é o povo quem sustenta os lucros.
Fonte: Movimento Sindical