O Brasil que ainda não aboliu a casa-grande

O Brasil que ainda não aboliu a casa-grande

Apenas uma em cada quatro trabalhadoras domésticas no Brasil tem carteira assinada. O restante vive sem direitos, amparo ou garantias, mesmo sendo responsáveis por manter milhares de lares em pleno funcionamento. A informalidade não é uma exceção, mas regra. E este dado diz mais sobre a estrutura social brasileira do que qualquer discurso sobre meritocracia ou mobilidade.

 

O modelo de trabalho doméstico no país carrega uma herança que nunca foi enterrada. O Brasil foi o último das Américas a abolir a escravidão, mas segue naturalizando a lógica da servidão dentro de casa. O desprezo pelas leis trabalhistas neste setor não é coincidência, mas resultado do pacto silencioso entre elite, omissão estatal e racismo estrutural. Regiões como Norte e Nordeste expõem ainda mais este abismo, com menos de 10% das trabalhadoras formalizadas.

 

O problema vai além da assinatura na carteira. A falta de registro retira acesso à aposentadoria, licença, férias, dignidade. Ao deixar estas mulheres na informalidade, o país institucionaliza a desigualdade. A cada dia sem mudança, só naturaliza a ideia de que algumas vidas importam menos, especialmente as que entram pela porta dos fundos casa-grande. 

 

Fonte: Movimento Sindical

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