Nova presidente do Banco do Brasil pode investigar Paulo Guedes e levá-lo à prisão por corrupção
Por César Fonseca
A nova presidenta do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, primeira mulher a comandá-lo, desde sua criação em 1808, pode levantar questão, politicamente, explosiva dentro da entidade bancária oficial, devido a escândalo financeiro que teria sido praticado em 2020 pelo ex-ministro Paulo Guedes, que não deverá passar em branco, conforme fontes do BB, ligadas ao sindicato da categoria; trata-se do que é considerado, dentro do BB, grossa corrupção que Guedes praticou, enquanto ministro, ao vender, com admissão da diretoria do BB, para banco privado, BTG, por ele criado, crédito de recebíveis de R$ 3 bilhões da carteira do BB por, apenas, R$ 300 milhões, sem licitação, dando prejuízo de R$ 2,7 bi.
A consideração técnica entre funcionários é a de que Guedes tratou os recebíveis como “crédito podre”, quando, na verdade, argumentam, são créditos sadios, visto que tem garantias asseguradas para evitar calotes dessa magnitude; ocorreu, tão somente, comenta-se dentro do BB, uma negociata espúria, inaceitável, que a Procuradoria Geral da República deve investigar a fundo; comprovada a maracutaia – a de que o BTG teria pago apenas 10% do valor de face da dívida, para arrecadar perto de 80%, sem fazer força –, a operação precisaria ser desfeita e submetida a processo legal para apurar responsabilidades; aos acusados seria dado amplo direito de defesa; se, ao final, for comprovada a ilegalidade, a prisão dos responsáveis seria determinada pela justiça.
Caso deixe tal imoralidade sem punição, o governo Lula, que inova em colocar mulher na direção do mais importante banco público do país, seria, mais cedo ou mais tarde, taxado de conivente – passando o pano – com a administração de Guedes/Bolsonaro, que deixa herança financeira trágica, durante administração politicamente fascista, antidemocrática.
Tarciana, 44 anos, cuja ascensão dentro do Banco do Brasil é considerada meteórica, somada ao fato de que se trata da primeira mulher, também, LGBT, presidente do BB, está diante do maior desafio de sua vida; originária do setor de varejo do banco, com fama de competente e tecnicamente excepcional, por ter a prática do trabalho em equipe, bastante dinamizada, de modo a impulsionar vendas dos produtos financeiros, com grande sucesso, certamente, a presidenta não vai querer carregar mancha tão pesada em seu currículo, devido à falta de providências moralizadoras.
Lula, igualmente, considerará tal fato como algo a ser expurgado, para que não dê motivos para ressurreição dos fatores que demonizaram, eticamente, o PT, produzindo o antipetismo, politicamente, explorado pela direita para inviabilizar candidatura lulista em 2018, depois de ter sido preso por mais de 500 dias, em Curitiba, pela Operação Lava Jato, da qual se libertou mediante julgamento do STF, que o considerou inocente.
As informações que circulam são as de que será aberto processo em torno do assunto, para investigá-lo a fundo, a fim de descolar o BB da companhia de bancos privados nesse tipo de operação, que, na ocasião, Paulo Guedes e a diretoria do BB consideraram modernização de prática público-privada.
Como considerar modernização tal operação que sequer passou por licitação? Como explicá-la, senão considerar jogada de compadres, envolvida em crime financeiro? A mobilização no Congresso colocaria o governo em situação delicada; assim, a remoção dessa mancha de corrupção que rolou durante a administração Bolsonaro bate de frente com o propósito central do presidente Lula de transformar bancos públicos em alavanca de crédito mais barato para competir com setor privado a fim de promover nova era desenvolvimentista no país.
Fonte: Brasil 247