Nesta quarta 26, primeira negociação com os banqueiros abordará o emprego bancário
O emprego bancário é o tema da primeira mesa de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e Fenaban (Federação dos Bancos), que será realizada nesta quarta-feira 26, no âmbito da Campanha Nacional Unificada dos Bancários 2024, mobilização da categoria para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho e acordos específicos.
O emprego foi apontado pela categoria na Consulta Nacional aos Bancários como uma grande prioridade na negociação das Cláusulas Sociais.
De acordo com os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o setor bancário eliminou 142 postos de trabalho nos primeiros quatro meses de 2024. No acumulado de doze meses, encerrados em abril, já são 3.325 postos de trabalho fechados pelos bancos.
O saldo negativo do emprego no setor bancário vai na contramão do ramo financeiro como um todo. Quando excluído o setor bancário na análise do emprego no ramo financeiro, verifica-se saldo positivo, de janeiro até abril, com a abertura de 9.160 postos de trabalho, alta de 461% em relação ao mesmo período de 2023. No acumulado de 12 meses, foram criados 24 mil postos de trabalho, média de 2 mil novos empregos por mês.
Um dos destaques do ramo foram as cooperativas de crédito, com a criação de 11,1 mil novos postos de trabalho em 12 meses. Entretanto, o trabalhador da cooperativa de crédito possui uma jornada de trabalho média superior à do bancário, enquanto seu salário inicial médio é 2,2 vezes menor.
"Os números do Caged confirmam a tendência dos últimos anos. Observamos com cuidado a extinção de vagas na categoria e a ampliação no restante do ramo financeiro. É fundamental a criação de postos de trabalho, mas é preocupante que as vagas criadas não tenham as mesmas condições das vagas eliminadas. A Campanha Nacional Unificada 2024 estabeleceu uma pauta de reivindicações com emprego decente, melhores condições de trabalho, 4 dias de jornada e a regulamentação do sistema financeiro no intuito de estabelecer garantias de renda e condições laborais mais favoráveis", diz a presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro.
Os bancários tem o desafio de defender o emprego no atual cenário do setor, de corte de postos de trabalho bancário, terceirização e avanço acelerado da tecnologia, especialmente da Inteligência Artificial (IA).
O cenário
- A IA afetará 40% dos empregos no mundo (FMI);
- Em 2024, os investimentos dos bancos em tecnologia podem chegar a R$ 47,4 bi, crescimento de 21% em relação a 2023 (Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária);
- Em 2024, os investimentos dos bancos em IA, Analytics e Big Data podem chegar a R$ 1,16 bi, 43% maior que em 2023 (Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária);
- Em 2023, o total de trabalhadores de TI (Tecnologia da Informação) nos bancos somou 45,3 mil profissionais, aumento de 22% em relação a 2022. A estimativa é de que esse número chegue a 54,1 mil ao final de 2024 (Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária);
- Em apenas 5 anos, entre 2018 e 2022, a participação das agências nas transações bancárias caiu de 6% para 2%; enquanto o percentual de participação de canais digitais (mobile e internet bank) subiu de 63% para 77% (Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária);
- Nos últimos 10 anos, foram fechadas 6.386 agências tradicionais. Enquanto a redução de agências dos bancos públicos foi de 14,9%, nos bancos privados foi de 37,8% (Banco Central);
- Entre 2014 e 2023, foram extintos aproximadamente 78 mil empregos bancários (MTE);
- Apenas os cinco maiores bancos obtiveram lucro de R$ 108,6 bi em 2023, alta de 2,4% em doze meses. No 1º trimestre de 2024, o lucro alcançou R$ 29,2 bi, crescimento de 15,2% em doze meses. Apesar do lucro, as demissões seguem.
"Nas últimas décadas, o principal fator a impulsionar o lucro dos bancos é um forte processo de corte de gastos vinculado a aplicação de novas tecnologias e flexibilização de regras trabalhistas, que reduz postos de trabalho e estruturas físicas de atendimento. Nos últimos 10 anos, as transações bancárias através de canais digitais (internet e mobile banking) passaram de 42% para 77% do total, uma expressiva redução de custos operacionais para as bancos. Praticamente 8 em cada 10 transações bancárias são digitais”, destaca a presidenta do Sindicato.
O futuro que queremos
Para proteger os empregos no atual cenário, as principais reivindicações dos bancários são:
- Defesa do emprego bancário;
- Fim da terceirização;
- Jornada de 4 dias na semana, sem redução da remuneração;
- Qualificação permanente dos trabalhadores para novas tecnologias;
- Realocação e/ou requalificação de trabalhadores impactados por mudanças tecnológicas;
- Instalação de comissão bipartite para debater, acompanhar e apresentar projetos de mudanças tecnológicas e organizacionais.
“O avanço tecnológico não pode estar apenas a serviço do lucro. Deve beneficiar também trabalhadores e a sociedade. Neste sentido, cobramos que inovações tecnológicas não acarretem em fechamento de postos de trabalho. Os bancários devem ser requalificados e, quando necessário, realocados. Também reivindicamos a jornada de 4 dias, que trará mais qualidade de vida ao bancário e impulsionará a geração de empregos. Somado a isso, lutamos também pelo fim da precarização das relações de trabalho, muitas vezes de forma fraudulenta, através da terceirização. Vamos juntos construir o futuro que queremos”, conclui Neiva Ribeiro.
Fonte: SPBancarios