Manifestantes pedem juros baixos e saída do bolsonarista Campos Neto do Banco Central
Nas ruas e nas redes sociais, o dia de mobilização pelos juros baixos e a saída do bolsonarista Roberto Campos Neto da presidência do Banco Central começou cedo nesta terça (14). Houve protestos na frente do BC no Rio de Janeiro e em São Paulo, entre outras localidades. E os atos deverão se estender ao longo da tarde em diversas partes do país.
O protesto é contra a taxa básica de juros (Selic) de 13,75% – quase 8 pontos percentuais, ou 137%, acima da inflação oficial. E uniu partidos e organizações como CUT, CTB, CSP, CSB, Frente Brasil Popular, Frente Povo sem Medo, Força Sindical, UGT, Levante, MST, PT, PCdoB, Psol, sindicatos dos bancários. A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e federações estaduais da categoria estão entre os organizadores.
“Temos os juros mais altos do mundo. Com o controle do Banco Central, o sistema financeiro eleva a Selic e não controla a inflação. Manter os juros altos encarece o crédito, em um momento em que a população está sem renda. Assim, desaquece a economia brasileira”, disse a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva. “Não podemos aceitar que o Banco Central mantenha uma política econômica contrária aos interesses dos trabalhadores.”
Campos Neto não pretende fixar juros baixos
A hashtag #ForaCamposNeto também movimentou as redes sociais. Em entrevista nesta segunda-feira (13) ao programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, o bolsonarista tentou apresentar uma postura moderada e cordial em relação ao governo. Mas ignorou as críticas, não cogitou mexer na Selic e nem na meta de inflação para o próximo biênio.
“Existem, obviamente, aprimoramentos (do sistema de metas) a se fazer. Não tem só uma proposta, há mais de uma. Mas, em nenhum momento, entendemos que o movimento de aprimoramento do sistema de metas seja um movimento que vise ganhar flexibilidade ou atuar de forma diferente”, disse Campos Neto na entrevista.
A jornalista e ativista Hildegard Angel defende a demissão. “O presidente do Banco Central, Campos Neto, por uma questão de honra e formação moral, tem obrigação de pedir demissão do cargo, depois do espantoso ‘erro técnico’ de 60 bilhões somados ao balanço do governo passado gerando superávit, quando havia DÉFICIT! Uma maquiagem de 60 bi!”, escreve.
Na ata da mais recente reunião do Copom, em 1º de fevereiro, o BC alegou “incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva”.
Campos Neto foi indicado por Jair Bolsonaro em fevereiro de 2019, após decreto presidencial que instituiu a “independência” da autarquia federal. O decreto determinou ainda mandato de quatro anos ao presidente do BC. Assim, ele deve ficar até o final de 2024, caso não renuncie nem seja afastado pelo Senado, por não cumprir as metas de inflação.
Fonte: RBA