Limitar cartão parcelado retrairá consumo de mais pobres
O IDV reúne empresários e presidentes das maiores empresas varejistas do país. Participam empresários como a presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano; o Vice-Presidente de Relações Institucionais, Sustentabilidade e Comunicação do Grupo Carrefour, Stephane Engelhard, entre outros grandes empregadores.
O que aconteceu
Ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, representantes do setor financeiro sugeriram limitar as compras parceladas sem juros no cartão de crédito ou cobrar por esses parcelamentos.
A proposta serviria para reduzir as altas taxas de juros do rotativo dos cartões, cobradas de clientes inadimplentes. Para Gonçalves Filho, limitar os parcelamentos no cartão vai gerar uma queda muito forte no crescimento da economia.
O presidente do IDV afirma que isso geraria uma queda nas vendas e prejudicaria a economia como um todo. Os juros são altos no país, o que torna essa medida inviável, diz.
Cerca de 75% da população costuma parcelar as compras e, para 80% dos consumidores, a possibilidade de parcelar sem juros é determinante na escolha do estabelecimento em que será feita a compra, segundo levantamento da Associação Brasileira de Internet com o Datafolha.
"Limitar o cartão parcelado vai retrair o consumo dos mais pobres", avalia Gonçalves Filho.
"Essa é uma prática pouco aceita no mercado, o consumidor prefere pagar parcelas a ter de pagar juros, justamente porque as taxas são muito altas."Jorge Gonçalves Filho, Presidente do IDV.
Jorge Gonçalves Filho, Presidente do IDV
"Com a taxa de juros alta, o dinheiro fica muito caro, impacta no capital de giro e afeta o custo das empresas. Esse custo elevado do dinheiro não permite a dinamização da economia."
Jorge Gonçalves Filho
"É possível reduzir a Selic"
Gonçalves Filho acredita que há espaço para a queda da Selic, a taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano. Na última semana, a presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano, pediu ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, uma sinalização sobre um corte dos juros, durante evento do IDV.
"Entendemos que há condições econômicas neste momento para a redução da taxa e esperamos fortemente que haja a sinalização de redução na reunião desta quarta-feira do Copom (Comitê de Política Monetária)."
Jorge Gonçalves Filho
"O ambiente de negócios necessita dessa queda na taxa de juros para crescer. As projeções para o próximo semestre são a de que o nível de crescimento não deve mudar muito, ficará entre 2% e 2,5%."
Jorge Gonçalves Filho
Mesmo com a desaceleração da inflação no primeiro trimestre, as vendas ficaram praticamente estáveis em abril — avanço de 0,1% ante março deste ano, de acordo com a PMC (Pesquisa Mensal de Comércio), divulgada em junho pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
De acordo com dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), de janeiro a abril, as vendas do varejo cresceram (1,9%) graças ao desempenho dos dois principais segmentos do setor: hiper e supermercados (+2,7%) e combustíveis e lubrificantes (+17,0%).
Fonte: UOL