Hugo Motta poupa os mais ricos de pagarem imposto e diz que a Câmara está 'sintonizada com a população'

Hugo Motta poupa os mais ricos de pagarem imposto e diz que a Câmara está 'sintonizada com a população'

Votação da Câmara na noite de quarta-feira gerou indignação nas redes: "Congresso inimigo do povo"

Em uma sessão marcada por um revés significativo para o Palácio do Planalto, a Câmara dos Deputados derrubou nesta quarta-feira (25) o decreto presidencial que elevava as alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). No entanto, em um movimento político de compensação, os parlamentares aprovaram em sequência uma série de projetos de interesse do governo federal, buscando sinalizar que a relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda encontra pontos de convergência.

Nesta linha, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), usou as redes sociais para destacar que, apesar da revogação do decreto do IOF, outras propostas relevantes para o Executivo avançaram na mesma sessão. Segundo ele, essas matérias são “importantes para o país” por seu potencial de geração de empregos, ampliação do crédito e fomento ao crescimento econômico, e mostram que a Camara estaria "sintonizada com a população". A postagem revela uma tentativa de amenizar as críticas ao parlamento, que agiu para derrubar um decreto presidencial que ampliaria a arrecadação pública sobre a camada mais rica da sociedade brasileira. 

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Apesar do posicionamento de Motta, a reação foi negativa. Internautas qualificaram o Congresso Nacional como “inimigo do povo” e criticaram, além da derrubada da alta do IOF, a aprovação da proposta que aumenta o número de deputados federais dos atuais 513 para 531. O projeto pode ter impacto de R$ 95 milhões por ano - a medida custa R$ 380 milhões em quatro anos, período de cada mandato parlamentar.

Entre as medidas aprovadas e citadas por Motta estão a Medida Provisória que autoriza o uso de R$ 15 bilhões do Fundo Social no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. A mesma MP também prevê a possibilidade de o governo federal leiloar excedentes de petróleo e gás oriundos de campos sob regime de partilha, com estimativa de arrecadação entre R$ 15 bilhões e R$ 20 bilhões ainda neste ano.

No vídeo, o presidente da Câmara também mencionou a aprovação da medida que cria o crédito consignado para trabalhadores do setor privado e o projeto de lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física, beneficiando quem recebe até dois salários mínimos.

Apesar da tentativa de mitigar o impacto da derrubada do decreto do IOF, o clima no Executivo era de preocupação. De acordo com relatos de bastidores, ministros reunidos com o presidente Lula avaliaram a possibilidade de judicializar a decisão do Congresso. Entretanto, ponderaram que tal iniciativa poderia comprometer de vez o diálogo com o Legislativo. 

Em publicação nas redes sociais nesta quinta-feira (26), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou que a meta do governo é combater desigualdades no sistema fiscal e garantir que os mais ricos contribuam. "Muita gente está falando em imposto no Brasil nos últimos dias. É importante entender o que de fato está sendo proposto”, escreveu Lula. “O governo quer fazer mudanças tributárias combatendo privilégios e injustiças. É tornar o sistema mais justo", completou.

Paulo Emilio

Fonte: Brasil247

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