Hiperconectados e hiperdesinformados

Oito em cada 10 brasileiros conectados utilizam as redes sociais com frequência, segundo dados de 2024 do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.Br). O que parece uma simples interação digital, no entanto, esconde um sistema complexo e silencioso de vigilância e exploração de dados.
Enquanto os cidadãos navegam, as plataformas acumulam informações sobre hábitos, emoções, desejos e comportamentos sem qualquer consentimento.
O modelo transforma cada usuário em um emaranhado de microinformações, consumidas e processadas por algoritmos que não priorizam qualidade, mas tempo de permanência. A lógica do viral, muitas vezes rasa e desinformada, alimenta um ciclo de produção de conteúdo fast, que acelera o consumo e esvazia o senso crítico.
Não é coincidência: quanto mais tempo passamos conectados, mais dados entregamos e mais lucro as plataformas obtêm. O impacto direto dessa dinâmica é sentido no corpo e na mente: cansaço constante, ansiedade, esgotamento mental e uma sensação de desconexão com o mundo real.
Nas multitelas da era digital, as pessoas são bombardeadas por estímulos que sequestram a atenção e moldam a visão de mundo de forma enviesada. O conteúdo que aparece para cada pessoa não é neutro, é moldado para seduzir, viciar e manter o usuário dentro da bolha de consumo digital.
Apesar das evidências dos impactos nocivos, o debate segue apagado. Falar sobre os malefícios da hiperconexão não interessa ao modelo econômico ultraliberal, que lucra justamente com a exaustão do cidadão contemporâneo. Enquanto isso, a saúde física, emocional e psicológica é corroída.
Fonte: Movimento Sindical