Globo ataca Mercadante e defende um Brasil sem indústrias
O jornal O Globo, que também apoiou o golpe de estado de 2016 contra a presidente Dilma Rousseff, publicou editorial nesta quinta-feira em que explicitou sua opção preferencial pelo subdesenvolvimento. No texto, além de atacar o economista Aloizio Mercadante, escolhido para presidir o BNDES, o jornal fez uma defesa velada da desindustrialização.
"Luiz Inácio Lula da Silva nem tomou posse, mas já dá sinais de que exigirá vigilância constante. A aprovação de mudanças na Lei das Estatais pela Câmara na terça-feira vai além do casuísmo. Revela o desprezo do novo governo por regras institucionais que contradigam a vontade de Lula. Nada muito diferente de Jair Bolsonaro", aponta o editorialista.
"Não bastasse o impedimento legal, Mercadante é péssima escolha para presidir o BNDES. Isso ficou evidente no discurso em que Lula anunciou seu nome. Ele disse que, sob Mercadante, economista de ideias desenvolvimentistas, o Brasil voltará a se industrializar. Também afirmou que acabaria com as privatizações. A primeira afirmação é uma quimera, a segunda um retrocesso absurdo. A desindustrialização é uma tendência global. Mesmo nos poucos países que têm mantido constante a participação da indústria no PIB, o emprego no setor cai, em razão do avanço tecnológico. Sonhar com a recuperação da indústria brasileira com a ajuda do BNDES é certeza de jogar dinheiro fora, como tantas vezes já se fez", prossegue o editorialista.
Ontem, a CNI defendeu a escolha de Mercadante para o BNDES nos seguintes termos:
Da Agência CNI de Notícias - Em seus 70 anos de história, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vem tendo participação decisiva no processo de desenvolvimento econômico do Brasil. Com o governo que agora toma posse, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) espera que a instituição desempenhe papel decisivo no apoio à adoção de uma política industrial voltada à Indústria 4.0, à inovação no setor privado, ao aumento da integração internacional da economia brasileira e à transição para uma economia de baixo carbono.
Nesse sentido, a CNI confia na capacidade de Aloizio Mercadante, indicado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para presidir o BNDES, de coordenar os trabalhos do maior banco de fomento do país e direcionar os seus esforços para uma atuação focada no apoio ao fortalecimento do setor produtivo e na implementação de estratégias que contribuam para o crescimento sustentado da economia.
“O Brasil precisa de uma política industrial moderna, alinhada às melhores práticas internacionais, com investimento em inovação, com ênfase em tecnologias socioambientais sustentáveis, eficiência energética, geração de energias renováveis e digitalização de processos governamentais”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
“Mercadante tem uma trajetória de interlocução franca e aberta com a indústria e conhece as forças e os desafios de quem produz e empreende no Brasil”.
BNDES tem tido papel decisivo no desenvolvimento do país
Ao longo dos anos, o BNDES teve papel importante por sua capacidade de estimular o desenvolvimento e de formular estratégias que contribuem para a modernização e aumento da eficiência da economia. Mais recentemente, vale destacar a aproximação do banco de fomento à agenda de modernização da indústria, pela Câmara I4.0. Esse diálogo ajudou a instituição a compreender as demandas do setor produtivo por crédito e subvenção, resultando na criação de linhas de financiamento para maquinário e serviços 4.0.
Por outro lado, é preciso reforçar o seu papel dentro do sistema de financiamento à inovação, no qual o Estado deve ter um papel mais relevante na formulação de políticas e no apoio financeiro à pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). O BNDES deve ampliar sua a atuação, juntamente com agentes privados, no financiamento a pequenas e médias empresas.
Também é fundamental retomar a relevância do BNDES no apoio às exportações a um patamar compatível com as necessidades de financiamento do setor exportador do país. Entre 2009 e 2019, por exemplo, os desembolsos do BNDES-Exim caíram 91% e mesmo a recuperação do valor, em 2020, não altera o diagnóstico problemático.
Fonte: Brasil 247