"Fazer o País crescer e a economia voltar a acontecer é obsessão”, diz Lula. "E não há como fazer isso sem juros menores"
Embora este não fosse o tema da conversa e ele tivesse se referido ao personagem como “o coiso”, não faltaram análises ácidas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação ao futuro do antecessor, Jair Bolsonaro, a quem derrotou nas urnas de outubro do ano passado. “Trabalho com a hipótese de que ele vai
Segundo o presidente da República, o “companheiro Alckmin” (Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) foi instado a chamar os executivos da indústria automobilística e os líderes sindicais das regiões que têm produção automotiva para que juntos estruturem um programa destinado a fazer com que o setor retome investimentos, crescimento e geração de empregos. “Em 2010, quando deixei meu segundo mandato, o Brasil matriculava 3,8 milhões de automóveis novos por ano. E a expectativa que se tinha naquela época era que a gente estivesse agora em 2023 matriculando 6 milhões de carros no Brasil. Hoje, não conseguimos matricular nem metade daqueles 3,8 milhões de carros novos por ano no País. Então, tem um problema. E o Governo, as empresas e os sindicatos estão sendo chamados para resolver”, afirmou.
Política de preços da Petrobrás: fim do PPI
Ecoando o insistente discurso de sua campanha presidencial de 2022, que hoje encontra respaldo em alguns setores acadêmicos e entre economistas do mercado financeiro, o presidente Lula disse também que havia determinado ao ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, e comunicado ao presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, que era preciso “abrasileirar o preço da gasolina”. Ou seja, o chefe do Poder Executivo, controlador da Petrobrás, determinou que a Política de Preços Internacionais da Petrobrás (PPI) adotada nos tempos em que Michel Temer despachava no Palácio do Planalto iria mudar. “O Brasil não tem que estar submetido à PPI”, afirmou ele. “Quero discutir a política de preços da Petrobrás e também a política de investimentos da empresa. Não é possível a manutenção desses pagamentos de dividendos da Petrobras. O Brasil todo precisa dos investimentos da Petrobrás”, asseverou.
Esperança na viagem à China: Paz e o Brasil de volta
O presidente brasileiro demonstrou estar plenamente satisfeito com a recuperação dos espaços do País no tabuleiro geopolítico internacional. Ao dizer que via com muita satisfação a ida do líder chinês Xi Jinping a Moscou, onde encontrou-se com o presidente Vladimir Putin, e para onde ele mesmo enviou o assessor especial Celso Amorim, Lula traçou uma teoria da ampla negociação da paz internacional. “A paz é mais complicada do que a guerra”, disse. ‘A guerra só precisa de um insano para decretá-la. A paz precisa de um grupo para construí-la”. Ele deixou claro quão satisfeito está porque sua ida a Pequim é antecedida pela visita de Estado do presidente francês Emmanuel Macron à China. “Vamos todos conversar”, disse. O presidente observou que achou açodada a forma como a União Europeia adotou um lado na guerra da Ucrânia antes de extinguir as negociações de paz. Ele ressalvou que a Rússia jamais – e ressalvou o “jamais” – poderia ter invadido a bombardeado a Ucrânia. Mas, diante do fato, era necessário agora negociar a paz – e que vê Brasil, China e Índia como essenciais nessa construção da paz.
Sobre Blumenau: "não é humanamente explicável"
Antes de começar a conversa mais rígida sobre temas diversos com os jornalistas, o presidente Lula pediu um minuto para se pronunciar em relação à barbárie ocorrida ontem em Blumenau (SC), onde um homem matou quatro crianças a machadadas numa creche. “O dia de ontem foi um dos dias mais tristes da minha vida”, disse ele. “Sou avô, bisavô... não é humanamente explicável o que ocorreu em Blumenau. Só pode ter sido coisa de alguém que veio de um planeta diferente... matar crianças!”, indignou-se. “Não é humanamente explicável”, repetiu. “É preciso mudar a cabeça da humanidade, e não só no Brasil. O mundo está tomado por um clima de ódio, de intolerância, de uma forma que não conhecíamos”.
Fonte: Brasil 247