Entidades de varejo e serviços lançam movimento em defesa do parcelado sem juros
Segundo o texto de lançamento da campanha, o pagamento parcelado sem juros é uma das ferramentas de concessão de crédito mais populares do país. “Ajuda 200 milhões de brasileiros todos os dias: quem precisa trocar o smartphone por um modelo novo para trabalhar, quem precisa comprar móveis e eletrodomésticos novos depois de um imprevisto, quem tem o sonho de dar uma TV nova para a família.”
“Mas não é só isso. Muita gente usa o parcelado sem juros para comprar remédios, uma necessidade que não pode ser adiada. Tem gente que parcela a compra do mercado para levar comida para casa”, acrescentam as entidades em manifesto.
Desde outubro, o BC tem coordenado reuniões com representantes de bancos, adquirentes, cartões e varejo para discutir a regra da lei do Desenrola, que limita a dívida do rotativo a 100% do valor original caso o próprio setor não chegue a outra fórmula para reduzir as altas taxas. Atualmente, os juros dessa modalidade superam os 400% ao ano.
O texto da lei não faz nenhuma menção às compras parceladas e não manda restringir as compras parceladas sem juros no cartão. Bancos, no entanto, têm defendido a restrição dessa modalidade de crédito como forma de baixar as altas taxas do crédito rotativo —modalidade acionada automaticamente quando a fatura do cartão não é paga de forma integral.
O argumento dos bancos é que o parcelado sem juros aumenta a inadimplência e força a cobrança de juros altos no rotativo. Os setores de maquininhas e o comércio, porém, refutam esse argumento, e não há estudos públicos independentes que mostrem relação de causa e efeito entre parcelamento sem juros e inadimplência.
De acordo com pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o pagamento parcelado sem juros é adotado por 90% dos varejistas e, segundo o Datafolha, 75% da população faz uso dela.
Caso o parcelado sem juros acabe ou seja limitado, o Instituto Locomotiva estima que 42% das pessoas reduzirão seus gastos pela metade. “A mesma pesquisa mostra que 115 milhões de brasileiros só conseguiram realizar seus sonhos até hoje com ajuda dessa modalidade de pagamento”, diz o manifesto.
Segundo as entidades de varejo e serviços que assinam o manifesto, quem mais perderia acesso ao crédito com o fim do parcelado sem juros seriam as famílias de menor renda.
Fonte: Folha de S. Paulo