Empoderamento econômico feminino ganha espaço nas discussões globais
Na presidência anual do G20, o Brasil tem a oportunidade de levar o tema empoderamento econômico das mulheres para o centro das discussões do grupo. Essa é a avaliação de Carolina Almeida, assessora internacional do Geledés Instituto da Mulher Negra, ONG que participa de fóruns internacionais e defende políticas públicas de igualdade racial e de gênero. Ao lado de outras pesquisadoras e representantes da sociedade civil, ela é uma das facilitadoras do Grupo de Trabalho 8 (Empoderamento de Mulheres), que foca na defesa dos direitos das mulheres.
São muitos os desafios para esta grande parcela da população. O IBGE aponta que 32,3% das mulheres do Brasil estão abaixo da linha de pobreza, e a situação é mais grave para negras ou pardas (41,3%). Já o desemprego atingiu 9,8% das mulheres no primeiro trimestre de 2024, comparado a 6,5% entre os homens.
Nesse sentido, a construção de um empreendedorismo sustentável é um dos principais eixos defendidos pelo GT 8. Trata-se de uma lógica bem diferente do atual “empreendedorismo de sobrevivência”, explica Carolina, em que mulheres negras criam negócios como forma de subsistência básica, com baixo crescimento e pouca lucratividade, pela falta de acesso a capital.
— Queremos um empreendedorismo capaz de expandir e gerar empregos, com recursos financeiros, apoio técnico, acesso a crédito. Tudo que garanta que as mulheres negras possam empreender de modo a agregar valor nas cadeias locais e globais. Não queremos um empreendimento de uma pessoa só.
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Para Carolina, a principal expectativa, agora, é que os membros do G20 criem políticas públicas de empoderamento econômico voltadas às mulheres negras.
— O Estado brasileiro não tem e nunca teve política pública orientada especificamente às mulheres negras, o que é surpreendente, dado que somos a maioria populacional no país. Nossa expectativa é de que finalmente tenha chegado esse momento — conclui.
Fonte: O Globo