Diretor do Banco Central admite que política de juros no Brasil não surte efeito esperado

Diretor do Banco Central admite que política de juros no Brasil não surte efeito esperado

Durante evento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), realizado nesta quarta-feira (25), o diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, reconheceu que a política de juros da autoridade monetária brasileira não tem surtido os "efeitos esperados" na economia. 

Segundo ele, o país precisa de "medidas estruturais" para garantir que o mesmo impacto possa ser obtido com doses menores de aperto monetário.

 “A economia brasileira continua demonstrando dinamismo mesmo sob taxas básicas que, em outros países, teriam efeito contracionista”, afirmou o diretor. Ele também apontou o baixo nível de desemprego como fator que desafia a eficácia da política monetária tradicional. 

Para enfrentar esse cenário, defendeu uma reavaliação dos incentivos fiscais concedidos a setores específicos: “Entre os desafios, há um que parece perpassar toda a política econômica do país: a necessidade de revisitar o alcance de subsídios cruzados regressivos, que proporcionam exceções favoráveis a alguns, mas que impõem uma carga maior sobre os demais, incluindo muitos que têm menos condições de pagar.”

Nova arquitetura para o crédito imobiliário

Nilton David aproveitou o encontro para defender o desenvolvimento de fontes alternativas de financiamento para o setor habitacional, uma vez que a caderneta de poupança vem sofrendo retração em sua capacidade de captação. “É importante desenvolver alternativas de funding em conjunto com o mercado, visando garantir não apenas o volume de recursos adequados, mas também que imóveis possam ser usados como colaterais para linhas de crédito mais seguras e de menor custo, a exemplo do que ocorre nas principais economias do mundo”, destacou.

A fala do diretor ocorre no mesmo mês em que o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, anunciou que deverá apresentar em breve um novo modelo para os financiamentos habitacionais, baseado em captações de mercado.

Comunicação com a sociedade

Outro ponto levantado por David foi a importância de "ampliar o alcance da comunicação" sobre política monetária. Segundo ele, o debate não deve ficar restrito aos agentes do mercado, mas precisa atingir a população em geral. 

“Isso faz com que o Banco Central precise recorrer a novas linguagens e canais de comunicação”, declarou. “Além de legítimo, é bem-vindo o crescimento do debate na sociedade acerca da atuação da autoridade monetária. Constitui parte essencial do nosso trabalho esclarecer para a população o que faz o Banco Central e por que o faz.”

Fonte: Brasil247

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