Depressão, burnout, estresse: como um gestor pode ajudar na saúde mental da equipe?
Como os gestores podem cuidar da saúde mental dos seus colaboradores? Psicólogos destacam que o papel dos líderes não está no diagnóstico dos transtornos, mas em criar ambientes abertos ao diálogo e que respeitem as singularidades dos profissionais.
“O trabalho da liderança consiste em construir relações onde as pessoas se sintam confortáveis para falar, mesmo se o mal estar e o sofrimento aparecerem”, explica Luckas Reis, especialista em segurança psicológica e head de psicologia da plataforma de terapia on-line Vittude.
Isso inclui entender que o estresse pode ser um fator desencadeante de diversos transtornos e reconhecer quando e como agir para minimizar esses fatores no ambiente de trabalho. Luckas explica que não se trata de encontrar um culpado para os problemas da equipe, mas sim de o líder assumir a corresponsabilidade pelo que é gerado e pelo plano de ação voltado à solução.
Saber observar a equipe
Eymi Rocha, psicóloga e consultora de RH, ressalta que a importância de observar os colaboradores também é fundamental. Não se trata de diagnosticar o funcionário, mas sim de considerar que sua baixa performance, por exemplo, pode ser uma questão de saúde mental ou ele pode estar passando por um momento difícil, que afete temporariamente o desempenho.
“Às vezes, as pessoas são dispensadas por baixo desempenho quando, na verdade, estão enfrentando a depressão, por exemplo.”
A responsabilidade desse líder, segundo ela, é criar um ambiente onde os colaboradores se sintam apoiados, ouvidos e também sejam encorajados a buscar ajuda médica. A proposta é exatamente essa: sensibilizar, promover um ambiente acolhedor e ressaltar a importância do cuidado com a saúde mental.
Trabalho deve incentivar a comunicação aberta
Uma cultura empresarial que promova a segurança psicológica também precisa estar associada ao bem-estar dos colaboradores. A psicóloga destaca que essa cultura deve incentivar a comunicação aberta, o respeito pelas opiniões e autonomia dos colaboradores.
Isso cria um ambiente onde as pessoas se sentem à vontade para compartilhar seus sentimentos, preocupações e até mesmo buscar ajuda em momentos difíceis.
Esse ambiente só pode ser criado a partir da escuta ativa e da empatia como política da empresa. Para Reis, não é só se colocar no lugar do outro, porque isso é difícil, mas respeitar como as outras pessoas sentem, reagem ou lidam com situações de uma maneira muito singular.
“Antes de termos o cuidado específico para cada um dos transtornos, existe um cuidado anterior, que é igual para todo mundo. O líder precisa se preocupar com a saúde mental da equipe independentemente do rótulo, com diagnóstico ou não”, explica.
Como promover a saúde mental na sua equipe?
Capacitação
Para Eymi, é indispensável que um gestor busque aprendizado contínuo em gestão de pessoas e una isso com ensinamentos sobre saúde mental para aprimorar suas habilidades como líder.
O equilíbrio mental continua sendo um dos tópicos que mais preocupam as lideranças, então acompanhar as tendências e estar aberto a novas ferramentas é essencial para garantir o bem-estar da sua equipe.
Analise os dados
Uma parte importante é utilizar dados para diagnosticar o que está acontecendo e quem está sendo afetado. Isso permite que os líderes analisem suas próprias equipes, trabalhando com dados concretos, principalmente no contexto da saúde mental, que muitas vezes carece de informações específicas sobre esse fenômeno.
É um erro comum usar apenas dados sobre produtividade e satisfação no trabalho como únicas bases de avaliação. “A coleta e a análise de dados precisam se concentrar em dados relevantes para essa situação específica”, diz Luckas. No caso de saúde mental, as informações têm de ser sobre isso.
Escuta ativa e empatia
Pratique a escuta ativa, concentrando-se em entender verdadeiramente as perspectivas e preocupações dos liderados. Luckas explica que saber acolher é um pilare para criar um ambiente que promova o bem-estar e a segurança psicológica. “Precisamos escutar as pessoas e conseguir respeitar, sem invalidar sentimentos e reações.”
Fonte: Estadão