Comitê do BC vê riscos no crédito e recomenda que bancos preservem qualidade de concessões

Comitê do BC vê riscos no crédito e recomenda que bancos preservem qualidade de concessões

O Comef (Comitê de Estabilidade Financeira) do Banco Central disse nesta quinta-feira (2) ter verificado uma desaceleração no crescimento do crédito no país e recomendou que os bancos preservem a qualidade das concessões diante do risco de inadimplência.

De acordo com o colegiado do BC, “a materialização do risco de crédito tem-se dado nas operações com micro e pequenas empresas, nas linhas de maior risco concedidas a pessoas físicas, além de casos pontuais em empresas de maior porte”.

Um eventual “efeito dominó” do caso Americanas, varejista que pediu recuperação judicial em janeiro após revelar problemas contábeis, acendeu o alerta de analistas e de membros do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre os impactos na economia.

Nos últimos dias, o Ministério da Fazenda passou a emitir recados mais contundentes sobre a possibilidade de uma crise de crédito no país.

Sem citar o caso Americanas, o comitê disse acompanhar a evolução do crédito amplo, “incluindo os desdobramentos dos eventos recentes que afetaram os prêmios de risco no mercado de capitais”.

Como mostrou a Folhaas concessões de novos empréstimos e financiamentos para empresas recuaram em janeiro, segundo dados divulgados pelo BC na segunda-feira (27).

Nos recursos livres, em que as taxas são negociadas livremente entre bancos e clientes, foram R$ 201,6 bilhões concedidos a pessoas jurídicas em janeiro, ante R$ 213,6 bilhões em dezembro de 2022. Isso representa um recuo de 5,6% no período. Em 12 meses, por sua vez, houve crescimento de 16,8%.

O volume de concessões para clientes corporativos ainda supera anos anteriores, mesmo em um cenário de crédito mais caro –puxado pelo elevado patamar de juros, com a taxa básica (Selic) em 13,75% ao ano– e alta da inadimplência.

Dados da Serasa Experian mostram que o número de pessoas inadimplentes começou a subir em setembro de 2021 e não parou mais. Atualmente, são 70 milhões de consumidores e 6,4 milhões de empresas com dificuldades para pagar as contas em atraso.

“Diante dos riscos relacionados à atividade econômica e à redução da renda disponível para o pagamento de dívidas das famílias, é importante que os bancos sigam preservando a qualidade das concessões”, afirmou.

Apesar dos alertas, a instância do BC focada na prevenção de riscos sistêmicos considera que as instituições financeiras continuam se mostrando capazes de absorver a materialização do risco de crédito.

Segundo o colegiado da autoridade monetária, o sistema financeiro está preparado para enfrentar eventuais problemas, e a carteira de crédito segue com retorno positivo.

“O Comef julga que as provisões para perdas de crédito e os níveis de liquidez e de capital dos bancos se mantêm adequados”, acrescentou.

Fonte: Folha de S. Paulo

 

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