Com lucro 16% maior em 2023, Itaú fecha agências e corta empregos
O Itaú fechou 2023 com lucro líquido recorrente gerencial - que exclui eventos extraordinários - de R$ 35,618 bilhões, alta de 15,7% em relação a 2022 e crescimento de 4% em 3 meses. O resultado do quarto trimestre foi de R$ 9,401 bilhões, um crescimento de 22,6% em relação ao mesmo período de 2022 e de 4% em relação ao trimestre anterior. No país, o retorno recorrente consolidado sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado do banco (ROE) foi de 21,0%.
De acordo com o balanço do banco, o Itaú ganhou mais dinheiro com os clientes no trimestre, porque: (i) vendeu mais produtos que rendem mais, como o crediário PF; (ii) cobrou mais dos ativos e pagou menos pelos passivos e (iii) lucrou mais com negócios complexos no Atacado. Esse crescimento ocorreu pois o maior volume de crédito, a maior margem com passivos, além do impacto positivo da reprecificação do capital de giro próprio, mais do que superaram o menor resultado em função do mix de produtos.
Não se pode ignorar que muito desse ganho foi obtido à custa do sofrimento dos bancários, que enfrentam uma rotina de pressão por metas inatingíveis e humilhação no trabalho, provocando uma onda de doenças mentais nos setores comerciais do banco.
Emprego
Ao final do 4º trimestre deste ano, o Itaú contava com 85.855 empregados no Brasil, o que significa um corte de 3.292 postos de trabalho em doze meses. De acordo com o relatório do banco, a diminuição se deu após “iniciativas de eficiência” e “adequação dos times de atendimento e fechamento de agências”. No período, foram fechadas 180 agências físicas.
Vale destacar que a diminuição dos postos de trabalho sobrecarrega e prejudica quem fica. Exemplo disso é o processo de acompanhamento dos bancários que precisam se afastar pelo INSS, que foi parcialmente substituído por inteligência artificial. Com a demissão dos trabalhadores da área, o banco passou a perder prazos de marcação de perícia. A tecnologia precisa ser aliada dos trabalhadores, não uma forma mambembe de substituição da força de trabalho.
Somente com o que fatura com a prestação de serviços e tarifas bancárias - receita secundária que cresceu 4,9% em doze meses, totalizando 12,6 bilhões - o Itaú cobre em 167,7% do total de suas despesas com pessoal, incluindo a PLR.
Outros números
A carteira de crédito do Itaú cresceu 3,1% em doze meses e 1,1% no trimestre, atingindo R$ 1.176,4 bilhões.
As operações com pessoas físicas (PF) no país cresceram 4,2% em doze meses, totalizando R$ 415,5 bilhões, com destaque para o crédito pessoal (+13,7%) e crédito imobiliário (+6,8%).
Já as operações com pessoa jurídica tiveram alta de 0,5% no período, totalizando R$ 303,7 bilhões. Destaque para o crédito rural (+41,2%), crédito imobiliário (+40,5%) e BNDES/repasses (+19,4%).
A carteira de crédito para a América Latina diminuiu 8,2% em doze meses, atingindo R$ 188,1 bilhões. O Índice de Inadimplência superior a 90 dias, no país, caiu 0,2 p.p. em doze meses, ficando em 3,2% em dezembro. As despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD), por sua vez, cresceram 15,8% em relação a 2022, totalizando R$ 36,2 bilhões em 2023, principalmente devido aos negócios de atacado no Brasil.
Fonte: Movimento Sindical