Cai quem quer: Em evento, Itaú se vende como banco “humano” e do “futuro”
O final do ano é uma época em que os grandes bancos investem ainda mais pesado em publicidade e grandes eventos. O Itaú, já célebre por suas peças publicitárias, neste final de 2023 está realizando grandes ações de marketing em torno de sua imagem. Porém, quem conhece o Itaú nas suas minúcias, no dia a dia do banco, sabe muito bem que a imagem pública cuidadosamente construída pelo banco está muito distante da realidade.
Nesta quarta-feira, 6 de dezembro, foi realizado o evento híbrido Itaú em Movimento, uma bom exemplo da disparidade entre a imagem pública do banco e a realidade enfrentada por seus trabalhadores.
Enquanto somente os altos cargos puderem comparecer presencialmente ao evento, os demais trabalhadores sofreram pressão para que estivessem logados na transmissão online. Como o evento iniciou 16h e se estendeu até por volta das 20h, alguns bancários relataram que permaneceram nas agências por receio de deslogar.
Apresentado pelo presidente do Itaú, Milton Maluhy Filho, em conjunto com as atrizes Fernanda Lima e Regina Casé, o evento contou com a participação de Marcos Mion, além de ex-presidentes da instituição; da família Setubal; de Pedro Moreira Salles; entre outros “ilustres”.
Muito foi falado no evento sobre o Itaú ser um banco do futuro, remetendo ao novo slogan (Itaú feito de futuro); sobre sustentabilidade; preocupação com as pessoas; foco no cliente; que o banco é um “grande time”; e a frase "vamos de turma" foi repetida a exaustão, uma forma de reforçar o conceito de "time".
“O Itaú tem uma imagem perante a opinião pública minuciosamente construída. Este ano investiu forte nas peças publicitárias, em eventos como o desta quarta, e também na construção da sua nova marca. Em 2024, quando o Itaú completa 100 anos, certamente não será diferente. Porém, nós, bancários, conhecemos e vivemos a realidade escondida pelas propagandas emocionantes do banco”, diz a diretora executiva do Sindicato e bancária do Itaú, Valeska Pincovai.
“A realidade que o Itaú não mostra é a das demissões em massa; da terceirização implacável, que rebaixa salários e retira direitos; da cobrança absurda por metas abusivas; do assédio moral institucionalizado; do adoecimento cada vez maior dos bancários, sobretudo por questões relacionadas com a saúde mental; e uma vez adoecido, este trabalhador fica desamparado, sem orientação do banco sobre como proceder junto ao INSS, e na sua volta tem grandes chances de ser demitido. Na vida real, o Itaú não é feito de futuro. É sim um destruidor do futuro”, conclui Valeska.
Fonte: SPBancarios