Brasil lança plataforma para rastrear caminhos dos plásticos reciclados nas embalagens

Brasil lança plataforma para rastrear caminhos dos plásticos reciclados nas embalagens

Mais de 14 mil toneladas de plástico foram verificadas pelo Recircula Brasil desde janeiro quando foi iniciado o projeto piloto desta plataforma que utiliza notas fiscais eletrônicas para rastrear o caminho dos plásticos reciclados no país. O programa que será lançado oficialmente nesta sexta-feira, às 15h, na Confederação Nacional da Indústria, em São Paulo, já foi reconhecido como modelo de excelência no combate à poluição plástica em documento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Elaborado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento de Industrial (ABDI), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, em parceria com a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), a plataforma tem potencial de certificar o uso de material reciclado de 2,3 milhões de toneladas de embalagens plásticas das 3,4 milhões toneladas produzidas anualmente.

Mais de uma década depois da lei de logística reversa, essa será a primeira plataforma brasileira a certificar efetivamente a circularidade dos materiais.

Até aqui, apenas oito empresas, que respondem por 5% do mercado brasileiro de plástico, participaram da fase teste. A expectativa, no entanto, é que haja uma adesão em massa das empresas do segmento já que rastreabilidade e o uso de material reciclado é hoje uma exigência para atuação no mercado nacional e internacional, diz Ricardo Capelli, presidente da ABDI. Ele adianta que já conversa com outros setores sobre a utilização da plataforma para garantir a rastreabilidade da sua cadeia de produção:

– A plataforma traz duas questões centrais: a sustentabilidade, pelo uso de material reciclado, e a barreira não tarifária que vem sendo criado mundo afora de exigência de rastreabilidade das cadeias, o que é uma tendência irreversível. Desenvolvemos a plataforma com a Abiplast, mas já converso com outros setores como têxtil e o de alumínio sobre a possibilidade de adaptar a ferramenta para o rastreio de suas cadeias – diz Capelli, que destaca a iniciativa entre medidas que se encaixam numa dinâmica de uma economia mais verde.

A Abiplast explica que a ferramenta utiliza notas fiscais eletrônicas para rastrear o caminho dos plásticos reciclados. A ferramenta conecta essas notas, desde a compra dos materiais até a venda dos produtos finais, monitorando todo o percurso do material reciclado. Com essas informações, o sistema atesta a origem dos materiais e confirma que o produto contém plástico reciclado, garantindo transparência e confiabilidade. Com isso, dará maior segurança jurídica às empresas, uma vez que possibilitará a recicladores, transformadores e as empresas que consomem embalagens e produtos plásticos a comprovação de suas operações.

No primeiro momento, a plataforma focará nas embalagens plásticas, mas a proposta é expandir a comprovação de uso de matéria-prima recicla também para outros produtos como componentes automotivos.

A inciativa, de Capelli, será reforçada por um decreto que está sendo desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). A expectativa é que fique estabelecida a necessidade de as empresas comprovarem 24% de conteúdo reciclado em seus produtos, meta que poderá ser ampliada ao longo dos anos. Com essa regulamentação, ABDI e Abiplast esperam uma demanda potencial para a certificação de mais de 558 mil toneladas de embalagens plásticas recicladas.

– O decreto ainda está em construção, não sabemos exatamente quando será publicado. Mas independentemente da nova regra, na nossa expectativa é de que haja uma grande adesão, pois hoje o uso de material reciclado, com rastreabilidade e certificação, é uma exigência de mercado.

Segundo a associação dos fabricantes, o mercado de reciclagem é composto por 1,6 mil empresas que se dedicam somente a reciclagem de materiais plásticos no Brasil. Atualmente, segundo a Abiplast, cerca de 1,1 milhão de toneladas de plásticos por ano são recicladas no Brasil.

Para Paulo Teixeira, presidente-executivo da Abiplast, a plataforma é “um passo para fortalecer e impulsionar a economia circular, trazendo inovação para o mercado, aumentando a competitividade da indústria de transformados e beneficiando o meio ambiente” , afirma em nota.

Fonte: O Globo

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