Bradesco, BB e Caixa mudam regra da Elo e terão fatias iguais na empresa

A bandeira de cartões Elo terá uma mudança no modelo societário, e os três sócios, Caixa Econômica Federal, Bradesco e Banco do Brasil, voltarão a ter um terço da companhia cada um, segundo apurou a Coluna, que antecipou a discussão no ano passado. Essa era a divisão em 2011, quando os três firmaram a sociedade, mas a composição mudou em função do antigo modelo de apuração, que a cada quatro anos redistribuía as ações de acordo com a contribuição de cada banco para o negócio. Agora, essa contribuição servirá para determinar apenas o pagamento de dividendos anual a cada banco. O modelo já foi acordado entre as três instituições, e aguarda aprovações pelo Banco Central e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Procurados, Bradesco, BB e Elo não comentaram. A Caixa não se manifestou até o fechamento desta nota.
Desde 2021, a Caixa Econômica Federal tem 41,4% das ações da Elo, fatia que conquistou graças à emissão de cartões para o pagamento do auxílio emergencial na pandemia da covid-19 nos meses finais do ciclo de apuração em 2020. A EloPar, holding em que Bradesco e BB são sócios, ficou com 57,07%, e o banco da Cidade de Deus, com outros 1,52% de modo individual.
Para equalizar as participações, haverá uma espécie de troca de ações entre os três sócios. Nos bastidores, considera-se que o movimento é importante porque estabiliza a base acionária da companhia, algo que, entre outras coisas, ajudaria em um eventual futuro IPO - movimento que nunca saiu da mesa desde que foi tentado, em 2021, mas que não deve acontecer no curto prazo.
O ano de 2024 era o último do terceiro ciclo de apuração, e a empresa chegou a fazer o levantamento de quanto cada banco teria direito a ter em ações. No entanto, esta apuração foi descartada, e o ponto de partida para a nova base acionária será o de 2021.
Este sistema não é novo para os bancos. Através da EloPar, Bradesco e BB já o adotam na Alelo, empresa de cartões de benefícios, e na Livelo, de fidelidade. Nos bastidores, considera-se que a mudança é necessária para alinhar os incentivos econômicos dos três sócios aos da Elo, que tem mais de 40 emissores de cartões.
Ponto Pacífico
Cada um a seu modo, os três bancos consideram a Elo um ativo estratégico. Bradesco e BB, por exemplo, querem extrair mais valor dos negócios que possuem no mundo de cartões, motivo que os levou a fechar o capital da Cielo. A Caixa, historicamente menor no mercado de cartões, quer ganhar espaço.
O modelo foi discutido entre os três sócios ao longo dos últimos dois anos e está pacificado. As relações entre as atuais gestões dos três bancos são vistas como bastante harmoniosas nas sociedades que mantêm, o que não necessariamente acontecia em gestões anteriores. O Bradesco é comandado por Marcelo Noronha; o BB por Tarciana Medeiros; e a Caixa, por Carlos Vieira.
Além disso. Em paralelo ao novo acordo societário, a Elo e os bancos assinaram um novo contrato de longo prazo para assegurar os volumes de emissão de cartões dos três com a bandeira da empresa, contrato este que vai até 2034. O compromisso é necessário porque além da Elo, os três bancos trabalham com outras bandeiras, como as globais Visa e Mastercard.
Fonte: Estadão