Bancos Digitais figuram no topo do ranking de reclamações do Banco Central

Bancos Digitais figuram no topo do ranking de reclamações do Banco Central

Os bancos digitais estão entre as instituições com a maior quantidade de reclamações, de acordo com ranking do Banco Central (BC), divulgado periodicamente pela instituição. O Banco Inter é o segundo colocado, C6 Bank é o terceiro e o PagBank ocupa a quarta posição. Na sequência aparecem os bancos digitais Neon (10º), Original (12º), Nubank (14º) e AME Digital (15º). Os índices se referem ao primeiro trimestre de 2023. Problemas técnicos têm afetado diversos clientes, como relatou a assessora Raíza Rodrigues à reportagem da Jovem Pan News. Ela teve sua conta cancelada sem qualquer aviso prévio e viu, de uma hora para outra, seu vínculo com o C6 Bank desaparecer: “Eu tentei ficar com eles um tempinho, para fazer transferência sempre dava problema e para receber. O banco estava sempre fora do ar, e aí chegou uma hora que a minha conta foi cancelada automaticamente. Depois eles retornaram o contato comigo para eu reativar a minha conta, que eles mesmos tinham cancelado, e eu preferi não retornar.”

A autônoma Jéssica Maeiro relatou outra experiência traumática com o C6 Bank. A mãe dela verificou débitos em sua conta relacionados a um empréstimo que nunca fez, e agora terá que recorrer à Justiça para reivindicar seus direitos. “Vou ter um advogado, no caso da Defensoria Pública ou um particular, para a gente dar entrada a um processo judicial para fazer a perícia das assinaturas, porque com certeza fraudaram a assinatura da minha mãe. Se há dois modos de fazer um empréstimo, que no caso é segurando a documentação da pessoa para fazer online ou com assinatura, um dos dois jeitos foi fraudado e a gente quer muito saber como foi feito, porque tem muitos casos aí de aposentados com empréstimos indevidos e muitos casos como o da minha mãe, que nem sequer percebeu e, de pouquinho, em pouquinho, vai descontando e logo não recebe mais nada.”

O C6 Bank esteve envolvido em uma polêmica recente relacionada ao show da cantora Taylor Swift. Fãs foram às redes sociais manifestar sua revolta com a comercialização dos ingressos. O banco anunciou que consumidores que usassem seus cartões de crédito teriam acesso exclusivo à pré-venda dos tickets para o evento. Porém, milhares de clientes que não foram atendidos ficaram frustrados. A estudante de publicidade Emanuelle Moreira teve um caso conturbado com outro banco digital, o Nubank. Ela conta que sofreu prejuízo de cerca de R$ 15 mil, pois em um golpe fizeram um empréstimo em seu nome. De acordo com ela, a falta de celeridade no atendimento ao cliente foi traumática.

“Eu vejo uma experiência para não ter conta digital. Infelizmente, é uma experiência que eu passei. Eu perdi um valor alto nessas transações realizadas e a experiência é péssima, porque o atendimento que a gente tem em um banco presencial, por exemplo, que você tem a oportunidade de ir lá resolver uma situação dessas. No banco digital, você não tem. Você tem que ficar 24 horas ligando, ficar acessando o e-mail toda hora, para ver se vai ter o retorno por e-mail.”

Os problemas com os bancos digitais não se resumem apenas às contas, mas também se estendem às maquininhas. A cabeleireira Luciana Costa revela o descaso do PagBank, que não teria cumprido o prometido em relação à antecipação de parcelas de uma venda. “Foram feitas vendas na maquininha e, conforme o combinado, seria com o pagamento no dia seguinte, e isso não aconteceu. Eu tive que aguardar um parcelamento de três meses. O que ocorre é que, para o pequeno empresário, para quem está aí na luta do dia a dia, você conta com esses valores para fazer o seu giro.”

Como o assunto diz respeito às finanças pessoais, o atendimento aos clientes com problemas é fundamental. O professor de regulamentação do mercado financeiro do Insper Marcelo Godke assinala que há uma preferência pelos bancos tradicionais devido à possibilidade de uma assistência presencial: “[O banco tradicional] tem uma dificuldade um pouco maior de ser utilizado, principalmente se eu tiver que ir à agência. Então cria uma barreira natural, dificulta a utilização. Mas, por outro lado, também dificulta a fraude. Nada é impossível, mas me parece que o tradicional ainda é um pouco mais seguro. Vai caber às instituições bancárias se adaptarem e às fintechs também se adaptarem para essa nova realidade, para aumentar o nível de segurança.”

Em nota enviada à Jovem Pan News, o C6 Bank declarou que “a redução de reclamações e o aumento do índice de solução nos canais internos são prioridades”. O banco também afirma que as ações implementadas já se refletem no ranking do Banco Central, que mostra a oitava melhora seguida no índice do banco. O Nubank também se posicionou em nota: “Um de nossos compromissos é oferecer às pessoas produtos fáceis de usar e um atendimento humano e eficiente sempre que os clientes precisam de alguma assistência. Parte desse trabalho vem sendo reconhecida trimestralmente no ranking de reclamações do Bacen, posicionando o Nubank entre os melhores colocados”. O comunicado acrescenta que o banco no último trimestre ocupou o penúltimo lugar da lista, ou seja, com os menores índices de reclamação do mercado. Para preservar o sigilo bancário, o Nubank não comenta casos específicos, mas está em contato direto com a reclamante consultada pela reportagem para prestar os esclarecimentos necessários.

Fonte: Jovem Pan

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