A indecorosa desigualdade no Brasil.
Somente os CEO's chegam ganhar até quase 5 mil vezes mais que a média dos trabalhadores de suas empresas. A recente retomada da política de valorização do salário mínimo pelo governo do presidente Lula foi criticada pelo andar de cima da sociedade. Em geral, responde pelo pagamento de salários de fome ao andar de baixo que concentra a maioria dos brasileiros. Destaca-se que do total dos ocupados no país, 67,2% recebem até 2 salários mínimos mensais, sendo 35,6% até 1; 31,6% de 1 a 2; e 32,8% acima de 2, conforme a Pnad/IBGE. Em contrapartida, 90 CEO´s (Chief Executive Officer, diretor executivo ou presidente) de empresas de capital aberto na Bolsa de Valores de São Paulo alcançam ganhos espetaculares de mais de R$ 1 milhão por mês, conforme levantamento da Comissão Mobiliaria de Valores (CVM). Se considerar, ainda, os 10 executivos mais bem pagos, a remuneração alcança a estupenda magnitude de R$ 400 milhões. Incrível isso a justificar como um país, cuja riqueza nacional quase não tem crescido nos últimos anos, o que não tem impossibilitado o espantoso crescimento do número de ricos. Para o banco UBS, o Brasil se destaca no mundo por elevar mais rapidamente a quantidade de participantes incluídos no andar de cima da estrutura hierárquica da sociedade. Entre 2021 (293 mil milionários brasileiros) e 2022 (414 mil milionários brasileiros), por exemplo, a quantidade de ricos no país cresceu 41,3%. Isto é, em apenas um ano, o andar de cima acumulou um restrito segmento populacional de ricos equivalente a 5 estádios do memorável Maracanã plenamente ocupados. Além da necessária inclusão adequada dos ricos no sistema tributário, a valorização do salário mínimo também cumpre a função de contribuir para a redução da desigualdade no interior da hierarquia de remunerações. Isso porque a diferença entre a maior e a menor remuneração no Brasil alcança a escandalosa realidade de ser 1.714 vezes, conforme revelou o Ipea. No setor público, a desigualdade de remunerações é bem menor que no setor privado, porém se aproxima de ser quase 190 vezes a relação entre o maior e o menor rendimento dos ocupados. Nos Estados Unidos, por exemplo, onde a desigualdade de remunerações é uma das mais altas entre os países do Norte Global, os CEO's das 350 maiores empresas possuem remunerações de 320 vezes superiores em relação a menor remuneração, segundo estudo do Economic Policy Institute. Para o Brasil, os CEO's chegam a ganhar até quase 5 mil vezes mais que a média dos empregados de suas empresas, conforme levantamento da Reset realizado com base nas informações da CVM.
Fonte: Marcio Pochmann